5 de julho de 2010

pra te amar

Eu vejo.
E me vejo distante de ti,
Percebo que a tua ausência incomoda,
É saudade o que sinto?
Mas parece sentença de morte.
Nossa distância, para a minha vida,
É risco iminente;
Pois como me entrego a te amar,
Posso furtar-me este prazer
Dando-me em queda sobre o mar.
Eu vejo.
E me vejo distante de ti.
Queria sentir o ritmo do seu coração,
Mas, nem mesmo sinto o calor de tuas mãos.
É saudade o que sinto?
Eu não sei.
Eu não sei.
Eu não sei tanta coisa.
Mais não sei, do que poderei um dia saber.
Nunca saberei o por quê de te amar,
Jamais encontrarei as razões pelas quais caminho,

E descaminho.
Dar-te-ei de mim, a vida.
A minha vida pra te amar.

19 de fevereiro de 2010

Florada da solidão

... Olhei-me no espelho, e me vi
Agachada, sentada à porta,
Como alguém que espera, ou
Se deixa à espera.

Eu estava pequena e frágil,
E quando me tentei tocar
Levando a mão ao espelho,
Fugi de mim mesma.

Então retraída, parti pra distante dali,
Expatriei-me, banindo-me de ser feliz.
Eu não era só imagem refletida,
Era alma exposta, translúcida.

Do lado de cá do espelho,
Fiquei só,
Completamente só.
Tinha a solidão daqueles que se abandonam.

Sabe, a Inês?
Depois de sua morte, não houve um só dia
Em que a vida fosse leve.
Puta. Agora Inês é morta!

Inês é morta e eu sou torta,
Tortamente alegre,
Individualmente feliz,
Abrigada às sombras dos meus fantasmas.

Como giram os girassóis,
Giro eu,
E se o encontro, meu sol;
Sou de todas a mais clara e iluminada.
É verdade que poderei abrigar
A mais densa e escura alma,
Por tamanha tristeza
De não o encontrar.

Mas, desde agora sento-me à porta,
E o esperar, será a minha profissão de fé.
Vejo-me agora
Olhei-me no espelho e...

17 de fevereiro de 2010

pulo no escuro

falta matéria no pensamento
e pensamento na emoção
segue adiante do movimento
sentindo o vento no coração
não tem momento
não tem canção
tudo é descontentamento
na embarcação.

11 de janeiro de 2009

Eu digo

Chorarei meu pranto triste a beira mar,
Até o meu coração ajuntar-se ao azul da água.
Falarei seu nome sempre que quiser;
Gosto de pensar que toda vez que nele falo,
Em algum lugar, você pensa em mim.

Eu sei que sou ridícula demais,
Até mais do que ridícula;
Mais do que eu mesma,
É tudo o que eu sinto por você, meu bem.

O que você pensa eu sei, ou penso que sei;
Tudo o que você sabe ou vê, eu vejo e sei.
São visões do meu coração,
São ações de alguém que está a amá-lo.

Eu sei que estou ridícula demais,
Mais do que eu poderia imaginar que um dia ficaria;
Maior do que muito mais
É tudo aquilo que tenho por você, meu bem.
Não o penso sempre, mas sempre que penso,
O tenho encalacrado dentro de mim.
São coisas de uma pessoa apaixonada,
Insensatez, perda do senso de ridículo...
Falta de assunto, fora do mundo...

Declaro-me; eu digo: amo você.


Em uma primavera de um ano qualquer.

10 de janeiro de 2009

Sem você

É você o meu mundo,
E dele todas as pessoas
Que um dia eu poderia amar.
É você a lua que brilha na minha noite,
E o sol que ilumina a minha lua.
É você tão muito mais,
Que eu jamais saberia dizer,
Ainda que eu apreendesse o aprender.
Pra mim,
A ausência do seu amor
É abalo sísmico,
É tremor no corpo,
É partida sem companhia,
É a vida que perdeu o sabor.
Em parte, eu sou, sem você;
-- Eu sou saudade.
E a outra..., não sou ninguém.


dia 09, de um inverno em algum ano passado.

9 de janeiro de 2009

Do amor

O amor é uma espécie de loucura sadia,
O seu portador sempre morre; não varia.
Se espalha como peste, é endêmico.
Assustá-lo, convencê-lo, Nunca! É mal orgânico.
De amor não se morre a morte que encerra a vida,
Mas, dia a dia, a que ceifa a lida.
O portador sempre morre de tristeza, alegria, ou tédio.
E ainda encontra-se feliz; não há remédio!

Priva dos sentidos, é incontida loucura.
Vive-se pra morrer, é vida sempre escura?
Mas não conheço alguém que dele fugisse.
Contrariá-lo, fingir-se já morto? Sandice.
Ao morrer a morte, ou viver a vida que valha.
Ele (o amor) sempre estará; pois é mal que se espalha.

23 de dezembro de 2008

Tornei-me Flor

Meus pensamentos todos brotam
De algum lugar dentro do corpo meu;
Emanam, encharcando meu coração
Que, então, embevecido sonha.
Minha alma sofre garfadas à sua flor,
E anseia ver o sol como anseia um girassol.
Corações não podem pensar.
Todos os que pensam amam.
E a alma sofre dores desmedidas
E mais não voa, fica quieta,
Como pássaro que bem não lida com a liberdade.
Na verdade, meu coração pensou em você,
Lançou-se ao limbo, meu coração menino.
Amei por desocupação, por pensar em vão.
Amei por ceticismo, ou distração?
Tornei-me flor,
Vitória Régia em suas águas.
Quando ao luar, inebriada,
Feliz. Só ao luar.

16 de dezembro de 2008

Quarto e Sala

Acostumei a viver sem espaço,
Acostumei a entregar o meu território.
A rotina fez-se amiga minha,
Às mazelas já me afeiçoei.
Tornei-me um quarto e sala,
Até as moscas me sabem bem.
Vou pra lá e pra cá, mas sempre
Estou no mesmo lugar.
Nem meus suspiros são meus,
Ou meus os muitos ais.
Mas acostumei, me entreguei
Ao completo mutismo interior;
Minha alma só balbucia, mais não quer.
Toda a falta de espaço meu
É espaço desmedido, agoniado.
Perdi-me dentro do corpo meu,
E vivo a ricochetear.
Eu digo:
Roubaste meus sonhos ao saíres,
E a cada um dos teus perdeste,
Quando presto saíste de mim.
Fui eu, e foste tu levado.
Não haverá celebração, nem beijos e felicidade.
Quando a porta fechaste e
Deste as costas pro meu olhar,
Decretaste a perdição da nossa paz;
As trevas alcançaram-me os sentidos,
E os sentidos teus.
Eu não sei sustentar mentiras;
Não vou negar: te amo.
Desde ontem,
Continuo hoje o que ontem fiz.
Eu quero morrer. Ir além. Transcender.
E, confesso, de ti fugir.

14 de dezembro de 2008

Jogando a Toalha

Dentro da minha cabeça tenho-o contornado,
Feito voltas e fechado os olhos para não vê-lo;
E quanto mais o nego em mim,
Mais você existe como uma torre;
Eu o avisto de dentro de todos os lugares do meu corpo,
Espalho-me, beirando a alucinação,
Esqueço o amor que por mim deveria ter,
E transformo pensar em sinônimo de você.
Perdeu-se seu cheiro em algum espaço dentro do meu espaço.
É você o minotauro do meu labirinto,
E a boca que me acordaria do sono profundo.
Apenas o amor não sorriu pra mim,
Apenas não sei o que fazer com você.
Tudo bem, eu não vou ser manhosa para o amor;
Vou fazer-me forte como só os fracos podem ser.
Amanhã bem cedo, junto à aurora,
Vou receber a brisa no rosto, e de algum jeito ou maneira,
À beira mar vou tirar você de mim.
Tudo bem, nalgum lugar do meu corpo, sempre
Haverá um ponto, uma cicatriz. Quem sabe?
A seqüela visível do amor que não me amou.

13 de dezembro de 2008

Eu Fui Maria

Desculpe. Eu só sei ser assim, ruim.
Por isso prendo minhas presas
No próprio corpo meu.
Inoculo meu veneno e caio. Sempre aturdida.
Sem festa -- eu sou assim.
Desculpe, mas, se alguém tiver que sofrer serei eu.
Ainda sou canhota pra felicidade.
E o canto que me embala é o da dor agoniada.
Eu sou feliz à minha maneira, não se preocupe.
Eu fui Maria. Maria Helena, Maria Luiza, Maria Antônia,
Maria Carolina, Maria Agoniada, Maria Só.
E as Marias são felizes como podem, eu aprendi.
Desculpe, um laço de fita azul,
Meus olhos, -- que são verdes, e o pão de cada dia, me bastam.
Eu vou assim, de pé ante pé, não muito perto,
Pra não espantar meus companheiros de caminhada.
Não se preocupe comigo,
Eu aprendi a chorar, antes de sorrir.
Eu vi a desgraça e depois conheci a graça.
Desculpe. E não se preocupe...
Eu vou assim.